A voz de minha bisavó ecoou criança nos porões do navio.
ecoou lamentos de uma infância perdida. voz de minha avó ecoou obediência aos brancos-donos de tudo.
A voz de minha mãe ecoou baixinho revolta no fundo das cozinhas alheias
debaixo das trouxas roupagens sujas dos brancos pelo caminho empoeirado rumo à favela.
A minha voz ainda ecoa versos perplexos com rimas de sangue e fome.
A voz de minha filha recolhe todas as nossas vozes
recolhe em si as vozes mudas caladas engasgadas nas gargantas.
A voz de minha filha recolhe em si a fala e o ato.
O ontem – o hoje – o agora.
Na voz de minha filha se fará ouvir a ressonância
o eco da vida-liberdade.
Vozes-Mulheres, Conceição Evaristo
Esta aula oficina está organizada em 03 ações interrelacionadas, a partir da discussão sobre o empoderamento de mulheres negras em Vitória da Conquista. A atividade proposta pode ser aplicada dentro dos conteúdos de História do Brasil para turmas de 9° ano. Prevista para ser desenvolvida em 2 aulas.
Lista de habilidades possíveis, de acordo com o ano/série
a) Estabelecer relações no tempo – espaço da história sobre as mulheres conquistenses.
b) Refletir sobre a visibilidade do sujeito histórico Mulheres na história veiculada sobre Vitória da Conquista.
c) Identificar o protagonismo de mulheres negras no Brasil.
d) Discutir a inclusão social de mulheres negras através do empoderamento.
Conceitos a serem discutidos em sala de aula:
a) Empoderamento feminino.
b) Mulher negra
Data show, recortes de imagens, caneta, lápis
Ação 01: Distribuir fotografias de Dona Dió do Acarajé e pedir para os alunos para fazer uma descrição detalhada da imagem orientado pelas seguintes perguntas:
1. Escreva uma legenda para a foto.
2. Quem é a figura central da foto? Descreva-a.
3. Qual o assunto da foto?
4. Em que local a foto foi tirada?
Ação 02: Socialização da descrição das fotografias com mediação da professora/professor. Discutir sobre quem foi Dió do acarajé e o que ela representa para a comunidade negra conquistense e para a História da cidade.
Ação 03: Pedir aos alunos que assistam ao vídeo “Dona Dió do Acarajé: Uma trajetória de empoderamento”. Discutir a condição da mulher negra no Brasil e a emancipação e busca pela autonomia através do empoderamento.
Assitir ao vídeo: Dona Dió do Acarajé: Uma trajetória de empoderamento.
https://www.facebook.com/prolervc/videos/4127988587255738
Material de apoio:
NOGUEIRA, Martha Maria Brito. Mulher Negra e empoderamento: Trajetória e memórias de Dona Dió do Acarajé na cidade de Vitória da Conquista – Bahia. (Dissertação de Mestrado) UESB.2016.
ONU MULHERES BRASIL. https://www.onumulheres.org.br/onumulheres/documentos-de-referencia/
Responda às seguintes perguntas:
1. Qual diálogo é possível estabelecer entre a sua descrição da foto e o vídeo sobre a
vida de dona dió?
2. O que apareceu no vídeo sobre a história de Dió que você não viu na foto?
3. O que é empoderamento feminino?
A avaliação será processual e levará em consideração o envolvimento com a atividade, a capacidade de trabalho em grupo e a capacidade de apresentação das ideias durante o processo de socialização das atividades.
A bibliografia de referência utilizada para a construção das aulas está disponível no site https://conquistoria.com.br/, na aba Publicações.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.
NOGUEIRA, Martha Maria Brito. Mulher Negra e empoderamento: Trajetória e memórias de Dona Dió do Acarajé na cidade de Vitória da Conquista – Bahia. (Dissertação de Mestrado) UESB.2016.
ONU MULHERES BRASIL. https://www.onumulheres.org.br/onumulheres/documentos-de-referencia/
Ação 05:
Atividade de texto – individual
Ofício das Baianas de Acarajé
Este bem cultural de natureza imaterial, inscrito no Livro dos Saberes em 2005, é uma prática tradicional de produção e venda, em tabuleiro, das chamadas comidas de baiana, feitas com azeite de dendê e ligadas ao culto dos orixás, amplamente disseminadas na cidade de Salvador, Bahia. Dentre as comidas de baiana destaca-se o acarajé, bolinho de feijão fradinho preparado de maneira artesanal, na qual o feijão é moído em um pilão de pedra (pedra de acarajé), temperado e posteriormente frito no azeite de dendê fervente. Sua receita tem origens no Golfo do Benim, na África Ocidental, tendo sido trazida para o Brasil com a vinda de escravos dessa região. O processo de instrução de ambos os bens culturais foi conduzido pelo Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP), no âmbito do Projeto Celebrações e Saberes da Cultura Popular, proporcionado pelo PNPI. Este foi um projeto piloto desenvolvido pelo CNFCP para experimentar os instrumentos então criados para a salvaguarda do patrimônio imaterial; a saber: INRC e registro. No âmbito deste projeto foram desenvolvidos 14 inventários, conduzidos três registros. Tanto a instrução para o registro do ofício de baiana de acarajé como o dos saberes associados à viola de cocho foram integrados com projetos do CNFCP de apoio à produção de artesanato tradicional. A atividade de produção e comércio é predominantemente feminina, e encontra-se nos espaços públicos de Salvador, principalmente praças, ruas, feiras da cidade e orla marítima, como também nas festas de largo e outras celebrações que marcam a cultura da cidade. A indumentária das baianas, característica dos ritos do candomblé, constitui também um forte elemento de identificação desse ofício, sendo composta por turbantes, panos e colares de conta que simbolizam a intenção religiosa das baianas. Os aspectos referentes ao Ofício das Baianas de Acarajé e sua ritualização compreendem: o modo de fazer as comidas de baianas, com distinções referentes à oferta religiosa ou à venda informal em logradouros soteropolitanos; os elementos associados à venda como a indumentária própria da baiana, a preparação do tabuleiro e dos locais onde se instalam; os significados atribuídos pelas baianas ao seu ofício e os sentidos atribuídos pela sociedade local e nacional a esse elemento simbólico constituinte da identidade baiana.
http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/58
Tipos de patrimônio cultural
Patrimônio histórico material
É o conjunto de bens materiais, físicos, que possuem importância histórica para a formação cultural da sociedade. Podemos destacar como bens materiais obras de arte, como pinturas e monumentos, cidades, prédios e conjuntos arquitetônicos, parques naturais, sítios arqueológicos, enfim, tudo aquilo que existe materialmente e possui algum valor histórico e cultural que o dignifica de ser preservado e lembrado.
Patrimônio histórico imaterial
Esse conceito é mais abrangente, pois não requer a existência material e imediata de um bem para reconhecê-lo como patrimônio. Podem ser considerados patrimônios históricos culturais imateriais o idioma e os dialetos, a culinária, as festas populares, os rituais religiosos, os conjuntos de ditos populares, entre outros elementos.
https://brasilescola.uol.com.br/curiosidades/patrimonio-historico-cultural.htm
Após a leitura dos textos, responda:
1. Que elementos contribuíram para que o acarajé fosse classificado como patrimônio?
2. O ofício das baianas do acarajé é um patrimônio material ou imaterial? Que outras
comidas podem ser consideradas patrimônio?
3. Dê exemplos de patrimônio material e imaterial baianos.
O objetivo principal dessa página é disponibilizar um material didático acessível a professores da educação básica que queiram trabalhar com temáticas de história local.
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